O programa que deveria
ser a porta de entrada para um curso superior tem gerado incertezas e
ociosidade. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) enfrenta uma crise, em
grande parte, causada pela desconfiança dos estudantes. Após experimentar um
grande crescimento até 2014, com o maior montante de contratos firmados, a
iniciativa do governo federal não atrai mais candidatos como antes. Há oferta
de vagas sem interessados, e a inadimplência está em alta.
Segundo o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da
Educação (MEC), dos 613.962 contratos em amortização neste ano (que vem sendo
pagos pelos já formados), 59% estão inadimplentes, ou seja, há 364.063
contratos com, pelo menos, um dia de atraso no pagamento.
O percentual é bem
maior do que o registrado no auge do programa, em 2014. Naquele ano, havia
732.674 contratos em amortização, e o percentual de inadimplência era de 38%,
já considerado alto pelos especialistas. Mas, em 2017, do total de 521.590
contratos, 53% eram pagos com atraso.
Além da inadimplência,
o programa enfrenta o desinteresse pelo financiamento. Pelas projeções da
Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), apenas 30 mil
das 80 mil vagas oferecidas para o primeiro período letivo foram preenchidas —
ociosidade que chega ao patamar de 62,5%.
Para o vice-presidente
da Abmes, Celso Niskier, o problema atual do Fies não se explica somente pelo
desinteresse dos estudantes, mas pelos erros na formulação das regras.
“A redução no número de ingressantes verificada nos últimos anos é, na
verdade, resultado das alterações promovidas no programa pelo governo federal
que iniciaram em 2015 e foram concluídas no final de 2017. Foram mudanças que
retiraram o caráter social do programa, conferindo a ele o caráter
eminentemente fiscal e financeiro, tornando-o inacessível para uma parcela
significativa dos estudantes que necessitam do suporte do poder público para
conseguir acessar a educação superior”, afirmou.
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