A procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, incluiu e-mails entregues pelo empreiteiro e delator
Marcelo Odebrecht no inquérito que investiga o senador Renan Calheiros (MDB-AL)
e seu filho, o governador de Alagoas Renan Filho, por corrupção e lavagem de
dinheiro.
A informação foi
divulgada com exclusividade pelo Blog da Andréia Sadi, da TV Globo, e
confirmada pela reportagem do Estadão.
A troca de mensagens
entre os executivos da empreiteira e da Brasken, braço petroquímico da
Odebrecht, segundo Raquel, indica ‘atuação concertada’ entre Renan e o senador
Romero Jucá (MDB-RR) para a aprovação de medidas provisórias que previam a
renovação de contratos de concessão de energia nos Estados do Nordeste.
As informações foram
corroboradas pela delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações
Institucionais da Odebrecht, afirma a procuradora.
Em um e-mail enviado em
12 de dezembro de 2012, Melo Filho relatou a Marcelo Odebrecht e o então
presidente da Brasken, Carlos Fadiga, ter tido uma reunião com Renan. O
encontro teria ocorrido para buscar a prorrogação dos contratos de concessão de
energia.
“Ontem me reuni com Sen
Renan, que incluiu uma emenda de relator e permitiu que Chesf fosse beneficiada
até 2015. Vamos tentar ainda incluir possibilidade de renovação nas mesmas
bases. Contudo já foi uma vitória!”, anota o e-mail.
A proposta não avançou naquele
ano, mas a Odebrecht insistiu e em 2014 buscou articulação política para a
aprovação da emenda 47 na MP 656, que beneficiaria o grupo. Em outro e-mail,
Marcelo Odebrecht afirma que ‘JW e Renan’ eram quem ‘têm força suficiente’ para
resolver o problema. A sigla “JW” se referia ao governador da Bahia, Jaques
Wagner (PT), segundo Raquel.
Para beneficiar o
grupo, Jucá teria incluído emendas que beneficiariam a empreiteira na medida
provisória. Mesmo assim, a emenda da MP 656 foi vetada pela então presidente
Dilma Rousseff – veto mantido pelo Congresso.
Os e-mail incluídos por
Raquel indicam que as negociações continuaram mesmo após o veto presidencial
até a edição da MP 677, em junho de 2015, que atendeu parcialmente os
interesses da Odebrecht, prorrogando os contratos até 2037, e não 2042, como
pretendia o grupo.
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