O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado nesta sexta-feira do cargo por determinação do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida ocorre no momento em que a Procuradoria Geral da República (PGR), em parceria com a Polícia Federal (PF), cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão contra agentes públicos, políticos e empresários envolvidos, segundo a acusação, em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do grupo liderado pelo governador.
O esquema, concluiu a
investigação, consistiu em cobrar propina para a contratação emergencial e para
liberação de pagamentos a organizações sociais (OSs) que prestam serviços ao
governo, especialmente nas áreas de saúde e educação. A PGR sustenta que Witzel
usou o escritório de advocacia da mulher, Helena, para receber dinheiro
desviado por intermédio de quatro contratos simulados no valor aproximado de R$
500 mil – cerca de R$ 15 mil mensais de cada uma das quatro.
Um email escrito por
Witzel, apreendido pela PGR, orienta os interessados a redigir o contrato com o
escritório de Helena. Chamou também a atenção dos investigadores a participação
da primeira-dama em um processo de execução fiscal da família do médico
Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda e ex-deputado estadual, dona
do Hospital Infantil e Maternidade Jardim Amália Ltda (HINJA), maior unidade de
saúde privada do município.
O processo, que tramita
na Justiça Federal de Volta Redonda, já tinha como patrono o advogado Lucas
Tristão, ligado ao esquema; porém, no decorrer da ação, a primeira-dama entrou
com uma petição para avisar que estava ingressando na mesma causa e passando a
advogar para o hospital. É quando, segundo as investigações, passou a receber
os R$ 15 mil mensais apenas por esse serviço. Não há nenhum outro documento no
âmbito desse processo que tenha justificado o vultoso pagamento por apenas uma
petição, diz a PGR.
Sob comando de Witzel,
o governo canalizou os abundantes recursos do combate ao COVID para a
contratação de organizações sociais e autorizou compras direcionando as
licitações com o uso de empresas de fachada. Ao mesmo tempo, priorizou o
pagamento de dívidas antigas (restos a pagar) dos aliados – restos a pagar são
serviços e compras efetuados nos anos (exercícios) anteriores e que não foram
pagos.
As revelações da operação de hoje são um desdobramento de outras duas ações da força-tarefa deflagradas há três meses: a Favorito, que prendeu o empresário Mário Peixoto, um dos cabeças do esquema; e a Placebo, 12 dias depois, chegando às casas de Witzel e do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, investigados por desvios de dinheiro público destinado à montagem de seis hospitais de campanha do estado para o tratamento da Covid-19.
A delação de Edmar foi
fundamental para a decisão do STJ.
O Globo
0 comentários:
Postar um comentário