A sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a exportações brasileiras para o mercado americano entrou em vigor à 1h01 (horário do Brasil) desta quarta-feira (6). A tarifa atinge 36% dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA, segundo o governo brasileiro, incluindo itens importantes na relação comercial entre os dois países, como máquinas agrícolas, carnes e café.
Graças a cerca de 700
exceções previstas no decreto (leia a íntegra) que oficializou a medida, 43% do
valor de itens brasileiros exportados para o país escapam das novas alíquotas,
como mostrou levantamento feito pela Folha. Estão isentos deste tarifaço, por
exemplo, derivados de petróleo, ferro-gusa, produtos de aviação civil —o que
livra a Embraer— e suco de laranja.
Cerca de 20% das
exportações, como aço, alumínio e autopeças, são sujeitas a tarifas setoriais
específicas.
Desde abril, o país já
sofria uma sobretaxa de 10% imposta pelos EUA a uma série de países. No mês
passado, Trump adicionou mais 40% devido a questões políticas. Com isso,
produtos brasileiros que estão fora da lista de exceções passam a pagar
sobretaxa de 50%, além das tarifas que já incidem normalmente.
O etanol, por exemplo,
pagava tarifa de 2,5% antes de Trump voltar ao poder. Agora, a alíquota passará
a 52,5%. O impacto se estende a outros setores, como frutas, sal e itens de
menor peso na balança comercial, mas de grande importância para pequenas e médias
empresas exportadoras.
O decreto assinado por
Trump, embora trate de uma medida econômica, foca críticas ao governo
brasileiro e a decisões do Judiciário e não menciona o comércio bilateral. Na
carta em que anunciava a intenção de ampliar as tarifas ao país, o americano
havia citado erroneamente haver um déficit comercial com o Brasil, quando na
verdade há superávit.
O texto do decreto, por
sua vez, menciona diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu em
inquérito que apura suposta tentativa de golpe em 2022. A Casa Branca afirma
que a medida visa “lidar com ameaças incomuns e extraordinárias à segurança
nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
A sobretaxa aplicada ao
Brasil é a maior entre as cerca de 70 anunciadas pelos Estados Unidos na semana
passada —as taxas para os outros países entram em vigor nesta quinta (7). Trump
impôs tarifas de 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul e
15% para a Venezuela. Índia e Taiwan serão alvo de uma tarifa de 25% e 20%.
Lesoto, que havia sido ameaçado com uma taxa de 50%, ficou com 15%.
O Canadá, antigo aliado
dos EUA, ficou com 35%, sob o argumento de Trump de que a nação vizinha não
atuou para impedir o fluxo de fentanil ao país. O México, que foi ameaçado com
o mesmo índice, conseguiu negociar uma expansão de 90 dias antes da aplicação
das sobretaxas.
Apesar de cerca de 40%
dos produtos brasileiros terem escapado do tarifaço, especialistas apontam que
a medida tem efeito negativo para cadeias estratégias da economia.
Folha








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