O Centrão prepara uma reação coordenada contra o Palácio do Planalto após a onda de exonerações promovida pelo governo federal em cargos de segundo e terceiro escalões. O movimento, apelidado por parlamentares de “pacote da vingança”, inclui desde medidas legislativas para esvaziar ações do Executivo até tentativas de atingir aliados próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre as ações em
discussão está a derrubada de um decreto que ampliou os poderes da
primeira-dama, Janja da Silva, garantindo acesso irrestrito à estrutura pessoal
da Presidência. Além disso, lideranças articulam o enfraquecimento da Proposta
de Emenda Constitucional (PEC) que trata da reforma do sistema de segurança
pública, defendida pelo Planalto, e a retomada da discussão sobre uma anistia
ampla ao ex-presidente Jair Bolsonaro — proposta que vinha adormecida, mas
voltou a ganhar força como instrumento de pressão política.
Parlamentares também
articulam a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico — irmão do
presidente Lula e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados —, além
da derrubada do veto presidencial à Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que está
na pauta do Congresso para quinta-feira (16). A ofensiva ocorre em meio à
insatisfação generalizada com a “faxina” promovida pelo governo, que atingiu
cargos indicados por partidos como PP, União Brasil, PSD, MDB e Republicanos.
A decisão do Planalto de
exonerar aliados de deputados que votaram contra a MP 1303, relacionada à
tributação de fundos de investimentos, foi o estopim da crise. O texto, que
teria gerado um impacto de cerca de R$ 35 bilhões nos cofres públicos entre 2025
e 2026, acabou derrubado no Congresso. Entre os atingidos estão apadrinhados
políticos em órgãos estratégicos como a Codevasf, o Iphan, o Dnit e
superintendências do Ministério da Agricultura.
Nos bastidores, líderes
do Centrão pressionam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a
pautar projetos de decreto legislativo que revertam decisões do Planalto. Já a
PEC da segurança deve sofrer alterações profundas, especialmente em pontos que
tratam da centralização de políticas públicas. A anistia a Bolsonaro, por sua
vez, ganhou novo fôlego: o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP)
prepara um projeto sobre dosimetria de penas, mas há quem defenda a
substituição por um texto que conceda perdão irrestrito ao ex-presidente.
A tensão levou ao
esvaziamento das atividades legislativas nesta terça-feira, com líderes
retornando às bases. Para aliados do Centrão, o desgaste não se resume à perda
de espaços na máquina pública: há também uma insatisfação crescente com a
condução política da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann,
apontada como responsável por falhas na articulação entre governo e Congresso.
Com informações de O
Antagonista








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