O governo Lula tenta acelerar a votação de medidas para aumentar a arrecadação e reduzir despesas, mas enfrenta resistência no Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cobrou melhor articulação política e criticou o atraso na liberação de emendas e na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A pressão cresce após a medida provisória que substituía o IOF perder validade sem ser analisada, frustrando a expectativa de arrecadar R$ 20,9 bilhões em 2026.
Diante do impasse, o
Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, prepara novas ações em
dois eixos: elevação de receitas e corte de gastos. A ministra Gleisi Hoffmann
(Relações Institucionais) iniciou uma reorganização da base aliada, com demissões
de indicados de deputados infiéis e redistribuição de cargos a parlamentares
mais próximos do Planalto, numa tentativa de recompor apoio.
Uma das prioridades do
pacote é a taxação das apostas on-line (bets). O regime de urgência foi
aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, e o texto — que dobra
a alíquota sobre a receita bruta do setor, de 12% para 24% — será levado ao
plenário. O governo também pretende retomar propostas sobre fintechs e Juros
sobre Capital Próprio, com potencial de gerar até R$ 30 bilhões combinando
aumento de arrecadação e cortes de despesas.
Mesmo com o esforço,
parlamentares do Centrão e da oposição afirmam que a resistência é grande. “O
governo tenta resolver o déficit com aumento de imposto e evita discutir cortes
de gastos”, criticou Domingos Sávio (PL-MG). Já o senador Efraim Filho (União
Brasil-PB), presidente da Comissão Mista do Orçamento, prevê avanço apenas nas
medidas de controle de gastos e taxação das bets, enquanto projetos que afetam
o setor produtivo devem travar.
Paralelamente, o Tribunal
de Contas da União (TCU) autorizou o governo a continuar perseguindo o piso da
meta fiscal em 2025, mas indicou que, a partir de 2026, será irregular usar
esse critério. A decisão aumenta a pressão sobre o Planalto, que terá de reforçar
o fôlego fiscal para equilibrar as contas e garantir credibilidade diante do
mercado e do Congresso.








0 comentários:
Postar um comentário