O juiz federal
Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal,
condenou nesta sexta-feira, 1, os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha
(MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) em um processo aberto a partir da
Operação Sépsis, que investiga corrupção na Caixa Econômica Federal entre 2011
e 2015. Cunha foi sentenciado a 24 anos e dez meses de prisão pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional, e Alves,
a 8 anos e 8 meses de reclusão pelo crime de lavagem de dinheiro.
Além dos emedebistas,
Vallisney também condenou o lobista Lúcio Bolonha Funaro (8 anos, 2 meses e 20
dias de prisão), o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Ferreira Cleto (9 anos e 8
meses de prisão) e o operador financeiro Alexandre Margotto (4 anos de prisão).
Funaro, Cleto e Margotto fecharam delações premiadas com o Ministério Público
Federal (MPF).
Na denúncia, os
procuradores afirmavam que Cleto foi indicado à vice-presidência de Fundos de
Governo e Loterias da Caixa por Eduardo Cunha e Henrique Alves. Uma vez no
cargo, sua função foi informar Cunha, Funaro e Margoto sobre quais empresas
apresentavam projetos solicitando investimentos dos fundos da Caixa, como o
Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS).
Com as informações
privilegiadas, cabia a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro cobrarem propina em troca
do investimento do fundo e repassarem uma porcentagem ao vice-presidente do
banco estatal. O ex-presidente da Câmara ficava com 80% do valor, o lobista,
com 12%, e Cleto e Margotto, com 4% cada um. O valor repassado em propina a
Cunha no esquema, entre 2011 e 2015, foi de 89,5 milhões de reais.
“Com a extrema força
política que possuía, cabia a Cunha (não com exclusividade) procurar a empresa
e cobrar propina para o andamento ou liberação do dinheiro. Os recursos
ilícitos entravam para o grupo por intermédio de Funaro, que fazia a
contabilidade e conversão, caso necessário, em dinheiro, ficando com menor
parte. Dessa parte, Lúcio repassava os percentuais pré-acordados aos demais,
sem prejuízo de, em alguns investimentos, ele próprio ter feito contato com os
empresários para a arrecadação da propina (do mesmo modo que Cunha em outros
investimentos)”, escreveu o juiz na sentença.
Conforme a denúncia,
houve pagamento de propina em ao menos sete projetos, incluindo o Porto
Maravilha, construído por OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia no Rio de Janeiro
com investimento de 3,5 bilhões de reais pela Caixa, aporte que teria rendido
2,1 milhões de reais em propina a Cleto. A acusação sustenta que Henrique Alves
recebeu 1,64 milhão de reais em propina neste caso, pagos a ele por meio de
três transferências a uma conta na Suíça.
Além das empreiteiras,
também envolvidas na Operação Lava Jato, o Ministério Público enumera que houve
pagamento de propina ao grupo em projetos propostos à Caixa pelas empresas
Aquapolo, Odebrecht Ambiental, Eldorado Participações, Brado Saneatins e Moura
Dubeux.
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