Com faturamento de R$
699 bilhões e representando 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB), a indústria de
alimentos e bebidas teve que se readaptar aos tempos de coronavírus para
continuar mantendo a produção. Na contramão de outros setores, contratou 6 mil pessoas,
abriu novos turnos em fábricas e reorganizou as linhas de produção para evitar
a contaminação de funcionários. Embora no início da pandemia no Brasil, em
março, tenha havido uma corrida aos supermercados para estocar alimentos, não
houve desabastecimento nas redes.
— O país não enfrentou
problemas de desabastecimento. Monitoramos diariamente, em conjunto com os
supermercados, qualquer risco para nos anteciparmos — diz João Dornellas,
presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
Nas fábricas, os
hábitos mudaram. Os trabalhadores, que já usavam máscaras, passaram a ter a
temperatura medida na entrada, assim como visitantes e caminhoneiros.
A Nestlé, que tem 30
mil funcionários no Brasil, montou uma espécie de força-tarefa nas áreas de
produção, logística e vendas, com deslocamento de funcionários de outros
setores para garantir a operação. Foram instaladas barreiras de policarbonato
nas linhas de produção para garantir o distanciamento de 1,5 metro entre os
funcionários.
O crescimento das
vendas de produtos lácteos, culinários e cereais levou a Nestlé a operar com
capacidade máxima de produção. Para farmácias e hospitais, o abastecimento é
feito no mesmo dia. Segundo a empresa, as vendas on-line cresceram 79% no
primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo Fabio Cefaly,
diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da M. Dias Branco, dona
da marca Piraquê, líder em biscoitos e massas no país, a empresa abriu 500
vagas na produção e para promotores de vendas, distribuídas por suas 15
fábricas. Isso tudo para manter o afastamento preventivo de funcionários do
chamado grupo de risco para Covid-19.
Nos frigoríficos,
embora tenham sido registrados casos de Covid-19, a maior parte das linhas de
produção continua em operação. A Minerva, terceira maior produtora de carne
bovina do país, aumentou a distância entre empregados e reduziu a velocidade e
o volume de abate. Para compensar, algumas unidades da empresa adotaram segundo
turno.
Edison Ticle, diretor
financeiro da Minerva, diz que houve uma queda no fornecimento para os clientes
do segmento food service (alimentação fora de casa), com migração das vendas
dos restaurantes para o varejo. Para apoiar esses clientes, a empresa ampliou
prazos de pagamento, que em alguns casos chegam a 60 dias.
O Globo
0 comentários:
Postar um comentário