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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Auxílio emergencial e perda de renda dos mais ricos fazem classe C alcançar seu maior patamar histórico

O auxílio emergencial  e a queda de renda das famílias de classe média alta fizeram a população no meio da pirâmide de renda, a chamada Classe C, chegar ao seu maior patamar histórico. Segundo estudo do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, chegou a 63% da população, ou 133,5 milhões de pessoas. O melhor momento tinha sido em 2014, quando alcançou 55,10%.

— Aumentou muito o auxílio emergencial, com uma dose cavalar de transferência. Em nove meses, representa nove anos do Bolsa Família. Com isso, 15 milhões de pessoas saíram da pobreza.

Outro motivo citado pelo economista é que 4,8 milhões de pessoas da classe média alta (que tem rendimento per capita a partir de dois salários mínimos) perderam renda e desceram para Classe C:

— Essa classe média baixa, identificada com classe C, foi alimentada por boas notícias dos pobres e más notícias de quem estava acima.

Ian Prates, sociólogo do Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento (Cebrap), aponta outro motivo para o aumento da Classe C. Pequenos empresários sofreram muito com a crise provocada pela pandemia e esse grupo estava acima da Classe C:

Pelo estudo, 21,4 milhões de pessoas entraram na Classe C de 2019 até agosto. Foram 15 milhões que deixaram a pobreza, mais 4,8 milhões da classe média que perderam renda e engordaram a faixa intermediária e mais 1,6 milhão de aumento populacional.

Pobreza continua caindo

Mas é um efeito artificial, alerta Neri. Se o auxílio emergencial acabar no fim do ano, 15 milhões voltam para a pobreza:

— Representa meia Venezuela. Vão para pobreza e ainda com as cicatrizes do mercado de trabalho e os efeitos mais permanentes da pandemia. Saberemos como esses indicadores vão se comportar em setembro, mês que o valor do auxílio foi cortado pela metade.

Segundo Prates, em metade dos domicílios da Classe C há algum morador recebendo auxílio emergencial.

— A Classe C sem o auxílio seria 10 pontos percentuais menor (53% da população) . Mas a redução deve ser ainda maior. Muitos perderam o emprego, e a retomada deve ser lenta e puxada pelo mercado informal.

O GLOBO

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