O governo barrou um
lote de verbas orçamentárias que já havia destinado a obras de interesse dos
parlamentares. Os deputados fazem as contas. Alguns contabilizaram perdas de
algo como R$ 10 milhões. Interpretaram a meia-volta como uma manobra para
forçá-los a retornar ao Planalto com o pires na mão às vésperas da votação da
segunda denúncia da Procuradoria contra Michel Temer.
É como se os operadores
de Temer se inspirassem numa passagem de Brás Cubas, capítulo 36. O livro
relata que Brás Cubas entra em casa e descalça as botas. Deita-se aliviado, com
os pés em estado de bem-aventurança. O personagem conclui que as botas
apertadas são uma das maiores dádivas da vida. Mortificando os pés,
desmortifica-os depois, propiciando ao infeliz a felicidade suprema do
descalçar.
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