Parlamentares de oposição
ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguem confiantes de que o
Congresso Nacional deve aprovar um projeto de lei que anistia os condenados
pelos atos antidemocráticos que aconteceram em 8 de janeiro de 2023 em Brasília,
apesar de uma recente declaração do presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(União-AP), que afirmou que esse “não é assunto dos brasileiros”.
Atualmente, o texto
tramita na Câmara dos Deputados, mas não tem data para ser votado. Os
defensores da matéria defendem que o tema seja levado ao plenário o mais rápido
possível.
Na semana passada,
Alcolumbre foi questionado por jornalistas sobre o sentimento do Senado em
relação à proposta e respondeu que a anistia não interessa à sociedade.
“Não é um assunto que
estamos debatendo. Quando a gente fala desse assunto todo o instante, estamos
dando, de novo, a oportunidade de ficarmos, na nossa sociedade, dividindo um
assunto que não é um assunto dos brasileiros”, declarou Alcolumbre.
Ao R7, no entanto,
lideranças da oposição afirmaram que a fala do presidente do Senado não afeta a
tramitação do projeto. “Vai dar certo”, disse o líder da oposição no Senado,
Rogério Marinho (PL-RN).
Líder do PL no Senado,
Carlos Portinho (RJ) destacou que a proposta ainda está na Câmara e que,
portanto, a declaração de Alcolumbre foi “absolutamente irrelevante”.
“O que ficou acordado na
composição para a eleição do Alcolumbre é que não teria tabu sobre assunto
nenhum. Isso o comprometeu a colocar o debate, por isso, não tenho o menor
receio. Tudo no seu tempo. Uma vez aprovado na Câmara, e o projeto chegando ao Senado,
vai ser debatido como qualquer outro tema”, contou.
Ele ainda disse que a
fala de Alcolumbre não atrapalha as manifestações convocadas para março em
diferentes cidades do Brasil em prol da anistia. Algumas lideranças políticas
entendem que os atos podem pressionar a votação do projeto no Congresso.
A oposição alega ter
votos suficientes para a aprovação na Câmara, mas considera que ainda falta
melhor conjuntura e apoio político para garantir a aprovação.
PL da Anistia
Conforme mostrou o R7, a
proposta de anistia aos presos pelo 8 de Janeiro pode ter uma versão mais
“branda” a fim de ganhar celeridade e votos na Câmara. Deputados de oposição
avaliam uma anistia parcial aos condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Na avaliação dos
parlamentares, isso tornaria o texto menos radical. Ao todo, os condenados pelo
8 de Janeiro foram enquadrados em cinco crimes: tentativa de abolição do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa
e deterioração de patrimônio público.
Conforme o STF, a maioria
dos condenados teve as ações classificadas como graves. As penas para esses
réus variam de três anos a 17 anos e seis meses de prisão.
A anistia estudada, em
vez de total, perdoaria os crimes de tentativa de abolição do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa. A oposição
acredita que tais condenações são injustas, pois considera que os atos não
foram uma tentativa de golpe de Estado.
Assim, as penas poderiam
ser reduzidas e enquadradas apenas em dano qualificado e deterioração de
patrimônio. Os condenados pelos atos extremistas então poderiam cumprir as
penas em regime semiaberto.
O relator da proposta
deve continuar sendo o deputado federal Rodrigo Valadares (União-SE), o que
para a oposição indica que o apoio do União à proposta estaria “garantido”.
Em 2024, Valadares foi
designado como relator do projeto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
da Câmara, mas antes que o texto pudesse ser votado no colegiado, o então
presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), retirou a matéria da comissão e criou uma
comissão especial para analisar o mérito.
R7
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