O Brasil aguarda um sinal da Casa Branca sobre as cartas já encaminhadas ao governo americano antes de avançar nas negociações para tentar derrubar o tarifaço imposto por Donald Trump às exportações brasileiras.
No governo brasileiro, a
leitura é de que a bola está no campo dos americanos. Não há previsão de que o
presidente Lula inicie ou provoque um contato com Trump, e nenhuma missão
oficial do Executivo brasileiro rumo aos Estados Unidos está sendo planejada.
Segundo o Itamaraty,
primeiro é preciso saber qual orientação a Casa Branca dará ao USTR sobre o
Brasil. Foi ao órgão — sigla para United States Trade Representative (em
tradução livre, Representante Comercial dos Estados Unidos) — que o
vice-presidente Geraldo Alckmin encaminhou uma carta no dia 16 de maio, sem
resposta, e outra na última terça-feira de julho, na qual demonstra
“indignação” sobre o tarifaço, mas se coloca aberto à negociação.
O problema é que, segundo
diplomatas brasileiros, os canais diplomáticos estão fechados em todos os
níveis e não há interlocutores.
Até mesmo o Congresso
brasileiro sofre as consequências. A comitiva de deputados e senadores que
pretende embarcar na próxima sexta-feira para Washington com o objetivo de
negociar o tarifaço ainda não tem certeza se será recebida por alguém do
governo americano com força para negociar.
No governo, ainda
prevalece a ideia de que o episódio abriu espaço para que Lula surfe a onda do
nacionalismo e da defesa da soberania pelo maior tempo possível — o que tem
incomodado o setor privado.
Empresários relatam que,
com essa postura, o governo piora a situação, pois nada faz para “desescalar”
as tensões e pensar em contramedidas. Também avaliam que a realização de
reuniões com o setor privado serve mais para demonstrar diálogo do que para ajudar
a definir uma estratégia clara de ação junto aos Estados Unidos.
O receio é de que, com a
escalada do nacionalismo e o avanço do STF sobre Jair Bolsonaro, Trump retalie
e amplie o tarifaço para 100%.








0 comentários:
Postar um comentário