A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, marcou para a manhã de hoje uma reunião com ministros de partidos do Centrão no Palácio do Planalto para tratar de estratégias contra a aprovação de um projeto de lei de anistia a envolvidos nos supostos atos golpistas.
A expectativa é que
participem ministros de MDB, PP, União Brasil, PSD e Republicanos. Todos os
ministros que têm relação próxima com as bancadas na Câmara e no Senado foram
convidados, e o encontro também deve contar com a participação de ministros de
partidos da esquerda, como o próprio PT, PSB e PDT e dos líderes do governo no
Parlamento.
A Câmara ampliou nos
últimos dias a pressão para o projeto, que pode beneficiar o ex-presidente Jair
Bolsonaro e anular uma eventual condenação dele no caso da suposta trama
golpista.
As cúpulas nacionais de
PP, União Brasil e Republicanos apoiam abertamente um texto que pode ajudar
Bolsonaro, e suas bancadas na Câmara contam com o apoio majoritário para fazer
a iniciativa andar.
Por sua vez, no PSD,
integrantes da cúpula do partido dizem que o cenário é de divisão, em que o
apoio e a rejeição à anistia tem níveis similares dentro da bancada na Câmara.
No MDB, apesar de integrantes da cúpula nacional sinalizarem contra, há apoios
dentro das alas do partido no Sul e Centro-Oeste.
Há uma pressão do PL para
que a anistia inclua a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, mas o pedido
tem sofrido resistência em parte das siglas do Centrão, que preferem centrar
esforços em perdoar a possível condenação na trama golpista.
Dentro desse cenário, o
governo quer usar os ministros desses partidos para reduzir o apoio que a
proposta possui hoje no Congresso. A ideia é cobrar os auxiliares, alguns deles
deputados e senadores licenciados, para atuarem internamente dentro das bancadas
para impedir que haja um apoio consolidado que faça com o que o texto seja
pautado.
Integrantes do governo
falam sob reserva que há mesmo um cenário muito consolidado nos partidos para o
apoio à anistia e que isso se deve também a uma insatisfação com o governo. A
avaliação é que o Palácio do Planalto precisa solucionar alguns entraves, como,
por exemplo, acelerar o ritmo de liberação de emendas, para apaziguar a pressão
para aprovar o projeto demandado por bolsonaristas.
A reunião organizada por
Gleisi tem como tema a discussão das pautas prioritárias do governo no
Congresso para o segundo semestre, como o projeto que isenta quem ganha até R$
5 mil do Imposto de Renda, a Propostas de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança
Pública e medidas provisórias que estão perto de perder a validade. Apesar
disso, a anistia deve ser o tema principal.
O presidente da Câmara,
Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dado sinais trocados sobre o assunto. Ele se
reuniu na semana passada com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), para tratar do tema. Tarcísio tem sido estimulado por partidos
do Centrão a ser candidato a presidente em 2026 e usar o mote da anistia como
uma maneira de acenar a Bolsonaro e ter seu apoio para a disputa do ano que
vem.
Do Robson Pires








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